sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Detrás da prancheta #27 - Virar vegetal?

Quanto tempo, hein? Achou que eu não daria mais as caras por aqui, né? Ah, mas vou te confessar que por um momento eu pensei mesmo nisso, saca?

Meses atrás meu computador queimou, quer dizer, isso já era esperado, afinal era um computador tão velho que já nem era mais considerado de segunda, devia ser um computador de quarta ou quinta. Mesmo assim entrei em desespero, pois ficaria "desconectado" e meus projetos iriam para as cucuias, sem contar que eu sabia que não conseguiria comprar um computador tão cedo, porque minhas reservas financeiras só deram para dois pacotes de pipoca e um colírio para dar aquela lubrificada nos olhos, pois o choro era imenso.

Sem ter como avisar nas redes sociais para as dez pessoas que talvez se importem com o que eu posto (sei que poderia fazer isso por celular, mas não tenho aparelho e não gosto de pedir celular emprestado), fiz o que qualquer adulto imbecildepressivotristeansioso faria e deixei os dias correrem enquanto virava um vegetal com pensamentos suicidas que foram engolidos por pensamentos tipo: "Puta que pariu, como vou comprar ração pros cachorros, caralho?" e "Puta merda, puta merda, puta merda!" E, claro, desde então nunca mais toquei em lápis, papel, caneta e coisas do tipo.

E foi nesse momento que pensei em largar tudo.

"É só parar. Nunca mais eu entro no cubículo, vendo os quadrinhos pra comprar ração pra uns meses e nunca mais faço essa merda."

Foi a segunda vez, desde que comecei com quadrinhos, que passei por um momento desses, embora o primeiro tenha se resolvido em uma semana ao invés de três meses e não tenha me ferrado tanto quanto dessa vez. Enfim, já estava quase decidido que viraria um vegetal, afinal havia dedicado mais da metade da minha inútil vida à algo que não me rendeu lá muito, financeiramente falando.

Contudo, passar mais da metade da minha inútil vida dedicado aos quadrinhos me permitiu conhecer e fazer amizade com pessoas valiosas, pessoas que se preocuparam com minha ausência, procuraram saber como eu estava, o que tinha acontecido e alguns ficaram tão preocupados que arrumaram um computador (que pertenceu ao Pensador Louco!!) e mandaram aqui para o Pará, para uma cidadezinha no fim do mundo, para que eu pudesse continuar fazendo quadrinhos.

E isso, essas pessoas, todas, o sentimento que me passaram, a capacidade de se importar com alguém mesmo tendo seus problemas para darem conta, isso é impagável, serei eternamente grato e por isso vou adiar essa ideia de virar um vegetal, pois os quadrinhos acabaram possibilitando isso na vida desse inútil aqui. Assim sendo, voltei para a prancheta, estou reaprendendo a desenhar, os três meses parecem que foram três anos, mas logo estarei aos quadrinhos como antes.

Inté.