quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Passos





Eu não imaginei que seria assim.”

Uma chuva fina banha a pequena cidade esquecida pelo mundo e por qualquer pessoa que já passou por ela.

Há um mercadinho localizado na esquina de uma rua lamacenta. Em frente uma mulher, abrigando a si e ao filho – ainda de colo - de baixo de um guarda-chuva da Barbie, espera o marido que está dentro do estabelecimento tentando comprar fiado mais uma vez.

Eu nunca quis que fosse assim.” Ela pensa.

No seu colo o filho desfruta do sono que apenas bebês desfrutam. A cidade, graças a chuva fina, também está adormecida, estando apenas alguns poucos azarados, bandidos e trabalhadores acordados.

Eu nunca quis que fosse assim.” Ela pensa.

O filho em seu colo faz um grunhido, aquele tipo que só bebês fazem e isso a faz esboçar um sorriso em seu rosto pálido.

As coisas tomaram um rumo totalmente diferente do que ela pensou que seria a vida dela.

Embalada por mais um grunhido do filho, ela fecha os olhos e imagina, mais uma vez, como seria.


Naquela manhã eles acordariam felizes e mais apaixonados do que nunca. Seja pelo filho que tinham ou por um acordar ao lado do outro, todo santo dia. Ela gostava de acordar antes dele apenas para vê-lo fazer os grunhidos que ele fazia enquanto estava dormindo ao seu lado, aqueles grunhidos que apenas ele fazia.

E quando ele despertasse, ambos iam rir, porque ele sempre achou esse hábito dela engraçado. Depois ele diria: “Te amo” e ela responderia: “Também te amo.”

Ele prepararia o café enquanto ela amamentava o filho, pois eles haveriam planejado como dividir as tarefas de casa quando o filho tivesse nascido. Tomariam café juntos e conversariam sobre o que fariam durante o dia, ele falando sobre suas vendas externas e como estava sentindo o cheiro de promoção, ela sobre os quadros que estava pintando, inclusive um sendo encomenda de uma pessoa importante da cidade vizinha.



A tarde ele ligaria para ela.

Perguntaria sobre o filho, perguntaria sobre a pintura, e pediria para que ela falasse mais e mais sobre o que estava pintando, tudo isso porque adorava ouvir sua voz. E ela saberia disso, pois ele já havia contado.



A noite os dois ou melhor, três, jantariam juntos.

Ela perguntaria sobre o dia dele e ele diria tudo para ela, o que fez, por onde andou, o que vendeu e sobre como ficou feliz quando foi chamado na sala do chefe e recebeu a promoção. O que ela faria? Ora, iria pôr My Girl do The Temptations – a música preferida dela e seria a dele também – e os dois dançariam ali mesmo, na cozinha.

Quando o filho começasse a chorar, ele o pegaria no colo e simularia movimentos de dança. A simulação de dança se estenderia para a sala. Ela riria da cena, mas logo em seguida tomaria o filho dos braços do pai e diria que era sua vez de dançar com o belo rapazinho.

E eles dançariam, se revezando, até que o filho pegasse no sono.
Ela que iria pôr o filho no berço enquanto ele cuidava de limpar a pequena bagunça na cozinha e, quando retornasse para a cozinha, daria de cara com o marido pondo outra música para tocar, a música que ela também adorava ouvir e ele adorava vê-la ouvindo.

Dancing Queen do Abba.

Dança para mim, meu amor?” Ele pediria.

E ela dançaria. E antes mesmo de dançar um minuto da música ambos estariam se amando no chão da sala. Seria uma festa a dois, regada a muito amor, felicidade, prazer e mais amor. Sempre lembrariam daquela noite. Sempre.


- Vamos.

Ela acaba sendo tirada do sonho que nunca viveria. Era o marido.

- Então? – ela pergunta.

- Porra nenhuma. Ele disse que eu devo aquela conta passada, se tivesse quitado ainda dava pra me vender pelo menos ovo.

A chuva ficou ainda mais fina. Em silêncio os dois caminham pela rua lamacenta. Ela, por carregar o filho no colo, anda mais devagar que o marido, que está alguns passos à frente e não parece nem um pouco preocupado em olhar para trás para saber como a esposa e o filho estão.

O bebê principia um choro, mas ela faz o que apenas as mães conseguem fazer para acalmar um filho e com isso, mais uma vez, ela esboça um sorriso.


Quando volta a olhar para frente percebe os passos que distanciam a do marido. Poucos. Mas que mostram o abismo que há entre seus corações.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Sketchbook #33

Sketch de 20 minutos do Bruce Wayne.
Eu gosto do Batman detetivesco e que pega uma peia de vez em quando.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

E as metas?

E ai pessoa do lado de lá dessa tela, como é que você está? Como foi sua virada de ano? Espero que boa.

Esse ano a única coisa que pretendo é fazer mais quadrinhos, apenas isso. Seja impresso ou em webcomic mesmo. E você? 

Ah! Também vou fazer algumas alterações no blog, logo ele ganha a cara que eu quero dar pra ele, assim espero... É que sou uma mula pra mexer nisso, então vou me virar.

Eu falei sobre fazer mais quadrinhos? Ah, sim... Esse mês eu pretendo publicar um quadrinho que tá pronto desde 2016, até já falei dele aqui, brevemente mas falei. Era para ser um impresso, mas não deu certo. 
Até estive pensando em redesenhar todo, mas senti que perderia tudo o que representou na época em que o fiz.

No Wattpad eu conclui o segundo volume do Paralelos, pretendo fazer uma seleção entre o volume um e dois e juntar em um PDF e disponibilizar para download, você baixaria, não baixaria?
Falando em Wattpad eu iniciei um novo livro lá, na verdade é o meu sketchbook virtual.

Clique aqui para acompanhar. Não clicou ali? Então clica aqui
Também preciso de sketchbooks, bastante, por isso vou usar alguns desenhos em capas impressas, há tempos fiz uns desenhos para cadernetas que nunca foram impressos, mas quem sabe a hora deles  finalmente chegou, huahuahua!

Então é isso, pessoa. Espero que continue me acompanhando esse ano e que tenhamos um bom ano.
Abraço!