segunda-feira, 24 de abril de 2023

Detrás da prancheta #31 - Enfim uma explicação decente?

 Muito bem, são 10:51 de uma manhã duvidosa de segunda-feira quando tento escrever mais sobre o porquê de está atrasando tanto Aturá Camuirá. Lá fora os meus cachorros estão doidos por causa de outros cachorros na rua, eu estou doido porque são 16 latidos simultâneos bem do lado de onde estou agora, já que não possuo mais o cubículo. Ah, como é, você não sabia que eu não tenho mais o cubículo? Explico então.

Primeiro, o cubículo, se você está aqui pela primeira vez, era o quarto onde eu desenhava, o chamava (ainda o chamo) por ser um espaço bem apertado, mas ainda era meu recanto, meu refúgio, meu lugar seguro e agora... Bom, isso está linkado com o porquê dos meus atrasos, então antes de dizer o porquê de eu não estar mais no cubículo...

Acontece que as coisas ficaram complicadas por aqui e não só para este que vos digitou este post, mas para toda a minha familia. 

Sem muitas firulas: temos uma padaria que é um empreendimento familiar nosso, eu já não trabalhava com isso há anos, primeiro porque eu comecei com minhas crises de fobia social, pânico e meu problema com a raiva, então me afastei para evitar prejuízos para o negócio. Segundo, tentei viver como freelancer e por um tempo tudo ia dando certo, mesmo aos trancos. Contudo, o desgoverno Bolsoasno junto da pandemia e problemas internos ferraram com boa parte da coisa, sem contar uma prefeitura que praticamente faliu a cidade. Ah, claro, e um calote.

Sem ter condições de continuar pagando aluguel a padaria veio parar em casa, que é uma casa bem espaçosa e mesmo assim ficou apertada por causa de maquinários, balcões e mesas. Mesmo assim a gente não desanima, meu pai é o cara mais otimista que eu já conheci e nunca vi ele preocupado, mesmo nessa merda toda que passamos. Atualmente estamos indo bem, alguns clientes fiéis ainda compram com a gente mesmo vindo de longe, o que eu acho muito legal e encorajador. Ah, claro, esqueci de dizer, tive de trabalhar na padaria.

Não, não fui obrigado a nada, eu mesmo optei por ajudar.

Então já viu, né? Viver com o trabalho dentro de casa é viver 24 horas dentro de um trabalho, então por mais que seja legal estar dentro do próprio estabelecimento ao invés de pagar aluguel, a gente acaba tendo que passar por bastante estresse, aturar diversas coisinhas de clientes rabugentos, tem de mudar a rotina porque já não é mais uma casa apenas, ter de mudar tudo na casa, enfim... Isso acabou me atrapalhando na produção de Aturá Camuirá, já que havia dias em que eu realmente não conseguia me concentrar para desenhar.

Ah, o quê? Como perdi o cubículo? Ah! Sim, isso...

Certo, como disse, agora estamos bem, porém, não tão bem assim. Ainda há contas a serem pagas (lembra do calote?), há despesas diárias (lembra dos 16 cachorros?) e mais um monte de coisinhas que estão pesando no orçamento, então acabei por ceder meu lugar, meu refúgio, para meu irmão abrir seu estúdio de tatuagem (modéstia a parte, ele manda bem demais e tem uma clientela bem legal), assim ele ganha o dele e ainda ajuda em algumas despesas de casa.

E agora estou dividindo o quarto com meu outro irmão, tendo apenas metade do espaço que eu tinha no cubículo, algumas de minhas coisas tiveram de ficar no quarto dos meus pais até. E é isso. Quer dizer, claro que fora isso eu tenho tomado minhas pancadas pessoais, né? Por exemplo... Já tem meses que meus contatos para frilas não dão em nada, não consigo pegar comissions, não consegui sacar o dinheiro de doação que fizeram em Aturá Camuirá, as redes sociais me sacaneando no negócio do alcance, enfim... Aliás, não está conseguindo ajudar nas despesas de casa foram um dos motivos que me fizeram abdicar do Cubículo, entretanto, essa foi uma escolha minha, ninguém pediu ou obrigou a nada.

Uma coisa engraçada, em uma conversa com o meu amigo Andy Corsant ele comentou que parecia que eu vinha pegando uma pancada atrás da outra, achei engraçado e comentei que estava vivendo na pele o tipo de história favorita de quem gosta do Homem-Aranha, que é as histórias em que ele só vive se fudendo, onde nada parece dar certo, mas mesmo assim ele continua e por isso fiz um desenho para fechar o post.

Antes de ir, peço desculpas pelo atraso no segundo capítulo de Aturá Camuirá e juro que estou dando o máximo de mim para terminar esse capítulo sem ficar algo feito nas coxas e se me permitir fazer um pedido, por favor compartilhe meus trabalhos e me siga nas redes sociais.

É isso, inté a próxima!