domingo, 14 de março de 2021

Detrás da prancheta #17 - Estrada

Esse ano chegarei na casa dos trinta e isso acabou me fazendo olhar para trás e pensar sobre todo o caminho que fiz desde que comecei minha jornada no mundo dos quadrinhos.

Quando comecei a fazer quadrinhos, digo, de forma séria, meu intuito era fazer trabalhos que ajudassem alguém como eu fui ajudado por outros quadrinhos e livros como GO, do Nick Farewell e Beck, mangá de Harold Sakuishi. Eu sei que  pode parece pretensioso demais isso de querer ajudar alguém com uma coisa que você escreveu ou desenhou, mas eu queria tentar, eu queria retribuir a sensação de se sentir abraçado e amparado por uma obra feita por alguém que nem sabe que você existe.

Eu comecei a ler, observar, anotar, desenhar e a escutar. Essas experiências eu fui transportando para quadrinhos experimentais. Alguns eram feitos enquanto eu estava atrás de um balcão de padaria, entre um atendimento e outro, tudo com o intuito de ganhar experiência e aprimorar as técnicas para fazer o quadrinho que iria ajudar alguém, que iria retribuir. Esses quadrinhos experimentais viraram o Paralelos

E em uma certa madrugada eu recebo uma mensagem inbox de uma pessoa me agradecendo por eu ter feito o Paralelos, uma pessoa que, veja só, disse que foi salva pelos quadrinhos que eu havia feito. Eu não preciso dizer o que senti nesse momento, né? Naquela madrugada, sozinho e cansado de mais uma jornada na prancheta, eu chorei e ergui o punho direito para o alto, pois eu havia realizado um sonho.

Meus quadrinhos haviam ajudado alguém.

Esse ano eu vou chegar na casa dos trinta e isso me faz olhar para trás, mas quando eu volto a olhar para frente, há um sorriso no meu rosto e nenhum arrependimento, pois esses quinze anos de quadrinhos foram os melhores e mais abençoados que eu pude ter.

Inté.