Ontem (domingo)
eu passei parte do dia lendo
alguns quadrinhos (aqueles
formatinhos). Nenhum é meu
desde a infância, eu consegui
comprar em leilões virtuais ou negociações mesmo. Quando
eu era criança possuía uma
infinidade de quadrinhos que
minha mãe comprava para
mim. Ela sempre dizia
(e diz)
o quanto quadrinhos ajudavam no desenvolvimento de uma criança, meu
pai sempre discordou, mas até ele – vez ou outra – comprava
alguns.
Inclusive
o primeiro mangá que li na vida foi ele que comprou.
A
gente morava em uma invasão em
Belém, acredito que você
saiba o que é, não? E quando chove em
Belém geralmente alaga ruas
e casas, pelo menos nas
áreas pobres. Certa madrugada teve uma dessas chuvas que pareciam o
fim do mundo e pela manhã, quando acordei, havia água até o joelho
e me desesperei ao ver meus quadrinhos boiando na sala inundada.
Mas
essa parte da minha vida eu conto outro dia.
Ou
na minha biografia, quando me tornar um quadrinista de sucesso.
Hoje
quero falar da minha volta ao passado.
Enquanto
lia alguns formatinhos, Wolverine, Fantasma (sim, finalmente consegui
um Fantasma!), Tex, Zé
Carioca, Mônica e mais uns
e outros, lembrei que na infância eu costumava passar o domingo
lendo quadrinhos (pelo menos
quando não jogava no super nintendo), geralmente
relendo os
que já tinha ou os que pegava emprestado na biblioteca móvel que
visitava a invasão, devo
dizer que
eu era um dos leitores mais frequentes e responsáveis da biblioteca,
é, nessa parte eu me orgulho mesmo.
Então
eu peguei um desses que
estava lendo ontem
e dei uma boa cheirada. Aquele perfume doce e nostálgico de
quadrinho antigo invadiu
minhas narinas e foi acionar um botão no meu cérebro.
O
botão da minha infância.
Automaticamente
fui transportado para a invasão, para aquela casinha em que
morávamos.
Vi meu pai e minha mãe assistindo algum filme que era exibido pela
Record aos domingos (Robocop
ou o Último Dragão), meus
dois irmãos estavam brincando pela sala e minha irmãzinha (que
ainda não me odiava) estava dormindo. Eu
estava lendo quadrinhos.
Eu
me aproximei daquele moleque
gordinho e sorridente que estava lendo um Superman, é, eu sempre
gostei demais do Superman. Havia um brilho e felicidade que há
tempos eu não sinto.
Automaticamente veio aquela
pergunta besta que a gente vê pelo facebook: “O
que seu eu do passado diria do que você é agora?”.
Eu
ainda dei uma boa olhada no quintal de casa.
Olhei
a rua aonde a gente morava.
Visitei
a escola.
Mas
era hora de voltar ao presente.
Gostaria
de poder descrever mais coisas dessa visita ao passado, mas acho
melhor deixar para minha biografia de quadrinista de sucesso, né?
Bom,
agora vou ler mais algum capítulo de Wild Cards, obrigado por mais
essa conversa, até a próxima!