segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Fila e atraso necessário


Próximo domingo é dia de decidir aquele que vai ser o presidente deste nosso país tão amado e que se mostrou abrigar um monte de monstros que decidiram mostrar as asinhas de morcego. Confesso que votarei com um desânimo do tamanho do desgosto que adquirir por quem usa uma camisa verde e amarela com a face daquele sujeito. Sim, Bolsonaro.

Mas não quero falar sobre isso, até porque quem me acompanha em outras redes sociais sabe o que penso sobre o sujeito e seus adoradores-fanáticos-extremistas.

Extremistas me dão raiva


Certo. Vamos lá.

No primeiro turno dessa fatídica eleição eu tive de enfrentar a minha fobia social (não é nenhuma forma figurativa, eu realmente sofro de fobia social) e fui votar. É um negócio absurdo, eu até fui mais cedo para não ter que encontrar muita gente no portão ou ter de ficar conversando com algum desconhecido para disfarçar o nervosismo. Mas não adiantou muita coisa.

Quando cheguei naquele ambiente escolar, tão familiar e ao mesmo tempo tão estranho e que não me despertou nenhuma forma de afeto ou saudade dos tempos de ensino médio, já havia uma fila na minha sessão. Sentei e fiquei lá lutando contra os demônios na minha cabeça, lutando para não fugir dali e evitando qualquer tipo de contato visual. Percebe o meu sofrimento? Eu já estava suando litros e apesar de ouvir o pessoal reclamando do calor, para mim estava um frio absoluto. Tensão.

Mas eu tinha de dar um jeito nisso, como eu ia aguentar ficar sabe-se lá quantas horas naquela fila estando a ponto de ter um treco? Ah! Só havia uma solução.

Quadrinhos.

Comecei a imaginar as pessoas ao meu redor de forma caricata e automaticamente foram surgindo algumas páginas desenhadas na minha cabeça. Foi um processo que me deixou desligado daquela fila por alguns momentos, mas foi o suficiente para me fazer sentir o calor infernal que estava fazendo. “Vou fazer um quadrinho disso. Mas faz um tempão que não desenho, né? É. Vou fazer. Eu poderia até fazer um fanzine, já que eu quero muito fazer um fanzine. Mas vamos ver. Quando eu começo? Hoje? Não, hoje não. Amanhã? É, amanhã.”



Bom, quanto ao fanzine eu já não tenho certeza, mas o quadrinho está pronto e depois de umas edições no photoshop eu postarei no instagram e, quem sabe, por aqui. Desenhei ele na porrada e sem fazer estudos prévios de pose de personagem, expressões e ângulos, pois eu queria que ficasse o mais perto possível da minha agonia desse dia.

Outra coisa que gostaria de falar aqui: atrasos.

Recentemente eu fiquei doente, foi tão “pesado” o negócio que eu fui afastado da padaria para me cuidar. Assim, tenho uns exames para fazer e exercícios para serem executados (Zeus do céu, exercícios são horríveis. Sedentarismo, por que não és saudável como algumas coisas?). Por isso que venho aqui dizer que vou ter de “maneirar” um pouco na produção e me focar apenas em um projeto, na verdade eu pretendia fazer isso no próximo ano, mas com a saúde não se brinca, certo?

O projeto é o BDC.38.

Claro que o Paralelos não vai ser abandonado, não, não, mas a periodicidade não será mais mensal, entende? Vai ser aberta. Quando der tem, quando não der, bom, você pode reler os quadrinhos já publicados.

Bom, acho que se a minha vida fosse uma série, ela já estaria quase no fim da temporada e esse é aquele momento em que o personagem principal está na merda e o horizonte parece sombrio. Talvez ela termine de uma forma que não pareça boa, de uma forma em que o espectador só possa esperar desgraça na próxima temporada, mas… Sempre há aquela esperança de que a próxima temporada seja melhor. E que o personagem dê a volta por cima.

Inté.