segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Detrás da prancheta #11 - ...8, 9 e...

O que me levou a escrever esse post é que uns dias atrás, enquanto eu quebrava a cabeça tentando entender os personagens de um quadrinho novo que estou produzindo (falarei dele outro dia),  acabei entrando num estado de melancolia de fim de domingo (típico de domingos) que me fez recorrer ao meu livro salvador da minha vida que há muito eu não lia. 

Esse mesmo, GO, de Nick Farewell.

A cada virada de página era como se eu estivesse voltando no tempo e vivendo a época em que esse livro foi (de certa forma continua) importante na minha vida, de como ele foi meu único amigo por meses e meses. Foi doloroso reviver essas lembranças, porque essa ainda é a melhor época da minha vida, por mais dolorosa que tenha sido no fim.

Durante essa viagem eu senti que estava ficando cada vez mais na bad, principalmente porque eu comecei a ver todas as surras que peguei, todas as vezes que fracassei, por que nessas viagens a gente não pode ver só as coisas boas? Já com a sensação de que deveria parar logo e voltar ao presente, vi algo em comun dentro de todas as lembranças de surras e fracassos.

Eu sempre levantava.

Se você me conhece pessoalmente, ou mesmo só pelo que posto aqui e pelos meus quadrinhos, já deve saber que não sou do tipo de pessoa que se orgulha de muita coisa que eu faça, tenho até um pouco de raiva de quando as pessoas costumam fazer isso, mas nesse dia eu fiquei orgulhoso e mais, me senti como um lutador. Eu sempre levanto antes da contagem chegar em 10, não importa a porrada, se ela não me matar, eu levanto.  Pela primeira vez na vida eu senti o gosto dessa luta que venho travando há tanto tempo, senti que pela primeira vez eu consegui encaixar um golpe, mesmo não sendo um dos mais fortes.

No fim de tudo eu acabei por entender que antes de um sonhador, sou um lutador e estou constantemente nesse ringue, só penso na luta, só penso em fazer o meu melhor e aprender com os meus vacilos diante do oponente, mesmo que eu fracasse em alguns rounds, sempre haverá outros e a cada round eu vou fazer o meu melhor, com a convicção de que sou capaz de vencer.

Foi a primeira vez que terminei feliz depois de uma viagem dessas.