segunda-feira, 30 de julho de 2018

Os artistas que continuam mudando minha vida


Recentemente eu estive vendo os mapas de influências de alguns artistas que acompanho nas redes sociais e isso me fez parar e refletir sobre os artistas que eu considero do meu mapa de influência e olha, a reflexão demorou.

Eu listei um monte de artistas e me perguntei qual deles realmente eram minhas influências, qual deles mudaram minha vida, qual deles estão ali do meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida de quadrinista, qual deles me fazem querer entender o processo, qual deles eu consigo ouvir dizer: “Não desanime, continue tentando.”

E estes são:


Katsuhiro Otomo



Eu listei ele no topo dessa lista, pois foi graças a Akira que eu senti vontade de desenhar, sabe? Eu lembro como se fosse ontem, eu estava em uma área reservada para crianças em uma festa da comunidade, fazia um barulho infernal para mim, mas quando vi aquele desenho naquela telinha, cara… Aquilo mudou minha vida, pode parecer mentira, mas mesmo sendo uma criança eu senti como se um cadeado em minha cabeça fosse aberto, eu sabia que aquilo era diferente e eu precisava entender e, quase que instantaneamente, soube o que tinha de fazer.

Foi então que quis ser desenhista e algum tempo depois, quadrinista.

Por isso eu cito ele como minha influência principal nessa vida de quadrinhos.



John Romita jr.



 O Romitinha é como se fosse aquele tipo de pessoa pela qual você se dói quando alguém fala mal dela, entende? Fico puto quando alguém fala da arte dele de forma arrogante, como se fosse o rei da cocada de nanquim. A primeira coisa que li dele foi o Homem-Aranha e foi o suficiente para me apaixonar, gosto muito dos traços dele e da forma como ele desenha a ação e os personagens dele tem peso e volume, algo que venho tentando fazer com meus desenhos, mas ainda sem sucesso.



Masashi Kishimoto



Quando li o Naruto pela primeira vez eu fiquei encantado com a forma como o Kishimoto construiu os personagens e como cada um tinha sua personalidade bem definida, também curto a técnica dele com bico de pena, apesar de já ter lido alguém falando sobre o “erro” dele usar linhas sem muitas variações de espessura, bom… Para mim isso não importa, como diz o Moebius: “Ninguém pode culpar um artista por manter ou descartar certas formas para dar lugar à expressão de seus verdadeiros sentimentos. Ninguém pode dizer a ele o que deve ou não desenhar. Isso é completamente inaceitável.”

Kishimoto foi o que me fez pensar melhor na forma como desenhava, em como ter cuidado com a construção dos meus personagens e estudei muito o traço dele, sem contar que ele também é um fã de Katsuhiro Otomo.



Moebius



Jean Henri Gaston Giraud ou Gir, ou simplesmente, Moebius. As cores, a naturalidade com que ele desenha e os cenários fantásticos e o surrealismo da sua arte, tudo que o Moebius faz é de cair o queixo, ele é um dos artistas que estão ao meu lado nos momentos difíceis da vida de quadrinista, assim como ele eu acabo sendo “contaminado” pelo meu estado de espírito quando estou desenhando, por isso que me sinto bem quando penso que não sou o único que tem esse problema, mas tento evitar ao máximo que isso aconteça.

Quando se trata de composição, texturas, cor, a forma como enxergo ao mundo ao meu redor e a importância aos detalhes, sempre penso no Moebius.



Will Eisner



Ahhh, Will Eisner… Conheci o trabalho dele logo quando comecei a me aventurar pelo mundo dos quadrinhos, mas não tinha lido nenhuma de suas obras, até que na biblioteca da escola eu li o Sonhador e então eu me interessei mais por este artista.
Eu passo horas observando as páginas dele, seus rascunhos e suas lições sobre narrativa, ele também é um dos que estão ao meu lado nos momentos de dificuldade.

A forma como ele desenha as cidades, caramba, é como se eu estivesse lá naquele desenho e os personagens são tão reais que é como se você dissesse: "Ei, esse cara aqui é igual fulano! Ah! Essa menina me lembra a ciclana!".



Harold Sakuishi



Eu tive dois momentos conturbados pra caramba na minha vida, em um deles eu cogitei parar de desenhar (eu chamo de "a semana em que quis me matar", um dia desenho um quadrinho sobre essa semana) de vez e foi ai que eu li Beck.

Harold Sakuishi me puxou de um buraco com esse mangá, a batalha dos personagens com seus sonhos, a forma hilária como ele desenha esses personagens, as expressões e o uso de retículas dele, tudo é maravilhoso, com contar que é um mangá de música, saca isso!

Se Otomo despertou o fogo da vontade de desenhar, Sakuishi reacendeu o que estava apagado e, sem dúvida, ele é um dos autores que estão ao meu lado, ele está sentado em cima da mesa tocando uma guitarra e quando fraquejo demais ele me acerta um chute para tomar vergonha na cara.




Estes são os artistas que mais me influenciam, claro que tem muitos que eu admiro e amo o trabalho, alguns tão bons quanto os citados acima, mas nenhum deles me impactaram tanto quando estes.

São artistas que mesmo hoje ainda continuam mudando a minha vida, artistas que sempre estão me ensinando algo.

Inté!