Recentemente eu estive vendo os mapas de influências de alguns artistas que acompanho nas redes sociais e isso me fez parar e refletir sobre os artistas que eu considero do meu mapa de influência e olha, a reflexão demorou.Eu listei um monte de artistas e me perguntei qual deles realmente eram minhas influências, qual deles mudaram minha vida, qual deles estão ali do meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida de quadrinista, qual deles me fazem querer entender o processo, qual deles eu consigo ouvir dizer: “Não desanime, continue tentando.”E estes são:
Katsuhiro
Otomo
Eu
listei ele no topo dessa lista, pois foi graças a Akira que eu senti
vontade de desenhar, sabe? Eu lembro como se fosse ontem, eu estava
em uma área reservada
para crianças em
uma festa da
comunidade, fazia um barulho infernal para mim, mas quando vi aquele
desenho naquela telinha, cara… Aquilo mudou minha vida, pode
parecer mentira, mas mesmo sendo uma criança eu senti como se um cadeado em
minha cabeça fosse aberto, eu sabia que aquilo era diferente e eu
precisava entender e, quase que instantaneamente, soube o que tinha de fazer.
Foi
então que quis ser desenhista e algum tempo depois, quadrinista.
Por
isso eu cito ele como minha influência principal nessa vida de
quadrinhos.
John Romita jr.
O
Romitinha é como se fosse aquele tipo de pessoa pela qual você se dói
quando alguém fala mal dela, entende? Fico puto quando alguém
fala da arte dele de forma arrogante, como se fosse o rei da cocada
de nanquim. A
primeira coisa que li dele
foi o Homem-Aranha e foi o suficiente para me apaixonar, gosto muito
dos traços dele e da forma como ele desenha a ação e os
personagens dele tem peso e volume, algo que venho tentando fazer com
meus desenhos, mas ainda sem sucesso.
Masashi
Kishimoto
Quando li o Naruto pela primeira vez eu fiquei encantado com a forma como o Kishimoto construiu os personagens e como cada um tinha sua personalidade bem definida, também curto a técnica dele com bico de pena, apesar de já ter lido alguém falando sobre o “erro” dele usar linhas sem muitas variações de espessura, bom… Para mim isso não importa, como diz o Moebius: “Ninguém pode culpar um artista por manter ou descartar certas formas para dar lugar à expressão de seus verdadeiros sentimentos. Ninguém pode dizer a ele o que deve ou não desenhar. Isso é completamente inaceitável.”Kishimoto foi o que me fez pensar melhor na forma como desenhava, em como ter cuidado com a construção dos meus personagens e estudei muito o traço dele, sem contar que ele também é um fã de Katsuhiro Otomo.
Moebius
Jean
Henri Gaston Giraud ou Gir, ou simplesmente, Moebius. As cores, a
naturalidade com que ele desenha e os cenários fantásticos
e o surrealismo da sua arte,
tudo que
o Moebius faz é de cair o queixo, ele é um dos artistas que estão
ao meu lado nos momentos difíceis da vida de quadrinista, assim
como ele eu acabo sendo “contaminado” pelo meu estado de espírito
quando estou desenhando, por isso que me sinto bem quando penso que não sou o único que tem esse problema, mas tento evitar ao máximo que isso aconteça.
Quando
se trata de composição, texturas, cor, a forma como enxergo ao
mundo ao meu redor e a importância aos detalhes, sempre penso no
Moebius.
Will
Eisner
Ahhh,
Will Eisner… Conheci o trabalho dele logo quando comecei a me
aventurar pelo mundo dos quadrinhos, mas não tinha lido nenhuma
de suas obras, até
que na biblioteca da escola eu li o Sonhador e então eu me
interessei mais por este artista.
Eu
passo horas observando as páginas dele, seus rascunhos e suas lições
sobre narrativa, ele também é um dos que estão ao meu lado nos
momentos de dificuldade.
A
forma como ele desenha as cidades, caramba, é como se eu estivesse
lá naquele desenho e os personagens são tão reais que é como se você dissesse: "Ei, esse cara aqui é igual fulano! Ah! Essa menina me lembra a ciclana!".
Harold
Sakuishi
Eu
tive dois momentos conturbados pra caramba na minha vida, em um deles
eu cogitei parar de desenhar (eu
chamo de "a semana em que quis me matar", um dia desenho um quadrinho
sobre essa semana)
de vez e foi ai que eu li Beck.
Harold
Sakuishi me puxou
de um buraco com esse mangá, a batalha dos personagens com seus
sonhos, a forma hilária como ele desenha esses personagens, as
expressões e o uso de retículas dele, tudo é maravilhoso, com
contar que é um mangá de música, saca isso!
Se
Otomo despertou o fogo da vontade de desenhar, Sakuishi reacendeu o
que estava apagado e, sem dúvida, ele é um dos autores que estão
ao meu lado, ele está sentado em cima da mesa tocando uma guitarra e
quando fraquejo demais ele me acerta um chute para tomar vergonha na
cara.
Estes
são os artistas que mais me influenciam, claro que tem muitos que eu
admiro e amo o trabalho, alguns
tão bons quanto os citados acima, mas nenhum deles me impactaram
tanto quando estes.
São artistas que mesmo hoje ainda continuam mudando a minha vida, artistas que sempre estão me ensinando algo.
Inté!